Com pequenas intervenções já autorizadas, a prefeitura de Curitiba disse que a rede hospitalar municipal já está engatilhada para liberar por completo a fila das cirurgias eletivas, suspensas em março por causa da pandemia do coronavírus. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), o andamento depende agora de uma revisão da resolução estadual que restringe procedimentos eletivos dependentes de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no pós-cirúrgico ou de anestesia geral, fórmulas usadas no tratamento para pacientes em casos graves de Covid-19.
“Liberando [a resolução], os hospitais já sabem dos seus pacientes que têm prioridade nessas cirurgias, e a gente retoma imediatamente”, afirma a superintendente de Gestão em Saúde de Curitiba, Flávia Quadros. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) adiantou, no entanto, não ter prazo para reavaliar a diretriz.
Conversas com os estabelecimentos que integram a rede hospitalar do SUS Curitiba já vinham sendo costuradas desde meados do ano, porém foram suspensas após o Paraná se encaminhar para o pico dos casos de Covid-19, em julho.
Diante da tendência de queda e do consequente fechamento de 70 leitos de UTI e 97 leitos de enfermaria exclusivos para Covid-19, a volta da discussão sobre a nova dinâmica das cirurgias na Cidade ganhou fôlego.
Desde meados de setembro, cirurgias menores e que não demandam estrutura de alta complexidade passaram a fazer parte da ordem do dia em muitos hospitais. Entram na lista pequenos procedimentos ortopédicos, como cirurgias de joelho e ombro; cirurgias de varizes e intervenções de vesícula e hérnias, por exemplo. As intervenções maiores ainda estão em modo de aguardo.
Quem vai primeiro
O critério definido para estabelecer a ordem das filas é de cunho prático. A prioridade será de pacientes que, antes da pandemia, já tinham alcançado o estágio de avaliação pré-cirúrgica, com exames prontos e consultas encaminhadas. A lógica não vale para procedimentos de urgência, que seguem sendo avaliados individualmente.
A SMS disse que não ter o número total de procedimentos represados por causa da pandemia de Covid-19 e que isso depende de uma reavaliação que ainda vem sendo feita pelos estabelecimentos. Em muitos casos, os próprios pacientes estão postergando as cirurgias por acharem que o momento ainda é arriscado.
No entanto, a pasta já garantiu que, mesmo com a liberação total dos procedimentos pelo governo do Paraná, a normalização do fluxo dependerá da disponibilidade de profissionais.
“Muitas vezes a questão não é o leito, a questão é a equipe. Nós estamos, em Curitiba, com a capacidade máxima dos profissionais de saúde, praticamente todo mundo está trabalhando em hospital, UPAs, Unidades de Saúde. Diria que a dificuldade está nas equipes que os hospitais têm que deslocar de um setor para outro”, avalia Flávia Quadros.
Grupos de risco
Segundo a superintendente de Gestão em Saúde de Curitiba, não há um critério específico sobre a manutenção de pessoas do grupo de risco na retomada dos procedimentos eletivos. A realização ou não da cirurgia será decida entre o médico e o paciente.
“Nesse caso, é uma avaliação do risco-benefício do paciente. O médico vai conversar e vai avaliar se vale a pena operar ou se nesse momento é melhor que o paciente não se exponha ao ambiente hospitalar.”
Além das cirurgias, os atendimentos ambulatoriais também foram suspensos em Curitiba em março. A pandemia fechou ainda 26 das 111 Unidades Básicas de Saúde da Capital. Hoje, 99 estão abertas.