Em reviravolta, UFPR define Lista Tríplice que seguirá para Bolsonaro

O atual reitor, Ricardo Marcelo Fonseca, e os professores Marcos Alexandre Ferraz e Maria Rita Cesar foram os mais votados

Em uma reviravolta de cenários, o atual reitor, Ricardo Marcelo Fonseca, e os professores Marcos Alexandre dos Santos Ferraz e Maria Rita de Assis Cesar irão compor a Lista Tríplice que definirá a próxima gestão da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Os docentes foram os mais votados na eleição interna do Colégio Eleitoral da instituição, nesta quarta-feira (30). Assim, finaliza-se um dos processos mais polêmicos da Casa, refeito às pressas após impasse.

Com o maior número de votos, 32 dos 64, Ricardo Fonseca vai encabeçar a Lista – referendando o que a comunidade acadêmica já havia decidido. Mas com seis votos, o professor Horácio Tertuliano, diretor do Setor de Tecnologia, ficou de fora do documento por ser o menos votado entre os quatro concorrentes inscritos.

Com 13 e 12 votos respectivamente, Ferraz e César pulverizaram votos e empurraram Tertuliano para o final na fila. O diretor do Setor de Tecnologia integrava a única chapa de oposição concorrente do atual reitor no processo que foi praticamente invalidado depois de uma nova diretriz do Ministério da Educação (MEC).

Formalizado na semana passada, o novo posicionamento da pasta insiste em uma Lista com três nomes, e não menos. Mas o processo da UFPR – iniciado em junho, portanto antes da determinação atual – correu com apenas duas chapas inscritas nos prazos determinados por resolução do Conselho Universitário (Coun).

Diante do impasse, o Colégio Eleitoral decidiu abrir novos prazos de inscrição para atingir o número mínimo de candidaturas, e os professores Marcos Ferraz e Maria Rita Cesar se somaram a Fonseca e Tertuliano – que chegou a impetrar mandado de segurança para invalidar a reorganização da Lista e manter seu nome no documento.

Portanto, a reunião desta quarta funcionou como eleição interna, organizada de última hora em encontros anteriores para refazer a tempo o processo dissolvido após as mudanças do governo.

Alinhados de Bolsonaro, Tertuliano e sua candidata a vice, Ana Paula Cherobim, eram potenciais nomes à reitoria da UFPR. Bastava manter nomes na lista, mesmo contra a tradição, já que o novo parecer do MEC dá ao presidente mais liberdade para interferir nas nomeações.

Desde a redemocratização, era acordo informal entre as universidades e institutos federais enviar à presidência da República apenas o nome do concorrente mais votado pela comunidade acadêmica, com a retirada consentida das chapas derrotadas na consulta acadêmica. Dessa forma, o chefe do Executivo Federal assumia um papel secundário, apenas referendando a escolha da comunidade acadêmica – o que não ocorre mais agora.

Em exemplo recente de decisão final, Bolsonaro nomeou o professor Carlos André Bulhões Mendes o novo reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), mesmo a chapa do docente tendo sido a menos votada entre as três com candidatura homologada.

Lista completa

Segundo na Lista Tríplice para reitor, Marcos Alexandre dos Santos Ferraz é atual diretor do Setor de Educação da UFPR. Formado em Comunicação Social, o professor tem doutorado e pós-doutorado em Sociologia.

Na terceira posição segue o nome da Pró-reitora de Assuntos Estudantis da gestão de Fonseca, Maria Rita Cesar. A docente é graduada em Biologia e doutora em Educação.

Como candidato (a) a vice-reitor (a), Graciela Ines Bolzón de Muniz, atual vice-reitora, foi escolhida com 33 votos, seguida de Nelson Luis Barbosa Rebellato, do Setor de Ciências da Saúde (14), e Regiane Regina Ribeiro, diretora do  Setor de Artes, Comunicação e Design (12). Ana Paula Cherobim, da Escola de Administração e vice na chapa de Tertuliano, teve 4 votos.

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5 comentários em “Em reviravolta, UFPR define Lista Tríplice que seguirá para Bolsonaro”

  1. Mauricio Vitor Leone de Souza

    Lamenta-se a posição do ex-reitor, bem sucedido empresário da área de oftalmologia. Se fosse valer a democracia, o primeiro resultado seria respeitado. O que se vê é uma manipulação para contemplar interesses ideológicos visíveis. Mas se o objetivo for mesmo democracia, é fácil resolver: sendo a Universidade Pública, de interesse público e que gere recursos públicos, que se abra a votação e escolha para toda a comunidade interessada, inclusive e principalmente, de fora do círculo ideológico. Os Paranaenses têm o direito a escolher os rumos da gestão da Educação.

  2. Senhor, e depois falam de democracia na universidade, quem são esses nomes que apareceram do nada e correm a chance de ser reitores e vice reitores, tinha uma lista de interessados na porta RU, putz esqueci de me inscrever ….

  3. Carlos moreira jr

    O conselho Universitário mais uma vez fez seu trabalho com bom senso e de forma a garantir o resultado das urnas. A UFPR é uma instituição de administração colegiada e graças a Deus o colegiado sabe e sempre soube de sua responsabilidade para com a comunidade. Meus parabéns a cada um dos membros so COUN.
    Carlos Moreira JR
    Ex- reitor da UFPR

  4. Gostei do Horácio ficar de fora da lista tríplice. Não era a melhor proposta para a UFPR, e sua chapa tumultuou muito mais do que contribuiu no esforço de se pensar a instituição para os próximos 4 anos.
    Não gostei de como Horácio & Ana Paula foram tirados da lista. Embora a dupla tenha recebido pouquíssimos votos entre professores, técnicos e alunos, foi votada pela comunidade, diferente dos nomes que se apresentaram para a nova eleição do Colégio Eleitoral. Cá entre nós, eleição interna não soa como a coisa mais democrática do mundo, mas pode ser impressão minha. Os Estados Unidos trabalham nesse esquema desde 1787 e o resultado costuma ser incontestável ─ ironic mode on…
    Por que Marcos Ferraz e Maria Rita Cezar não saíram candidatos desde o princípio? Poderiam ter apresentado propostas melhores do que as do atual reitor e do opositor (isso seria até fácil, não?), apontando problemas que ficaram reduzidos na luta do bem contra o mal (Ricardo representando o bem e Horácio o mal OU Horácio representando o bem e Ricardo o mal, a depender do gosto do freguês), e o resultado das urnas poderia ter sido o obtido no Colégio Eleitoral, deixando Horácio de fora sem dar margem para a chapa recorrer & reclamar & espernear.
    Minha impressão é que agora o atual reitor está confiante demais em sua nomeação. Mas qual a garantia de que o presidente irá nomeá-lo, principalmente se a turma dele acabar considerando o resultado do Colégio Eleitoral uma forma de manobra para impedir a indicação de um aliado, ou no mínimo de um entusiasta do governo federal? Cartinhas de bancada, abaixo-assinados e protestos parecem não fazer diferença.
    Caso Marcos ou Maria Rita sejam o próximo ocupante da Reitoria, qual será a posição de Ricardo Marcelo? Vai recorrer & reclamar & espernear? Se tornará pró-reitor, assessor ou quem sabe uma espécie de éminence grise (para não dizer eminência parda, palavra que não gosto mas não achei nenhum sinônimo) da próxima administração? Marcos e Maria são a continuidade da gestão Ricardo & Graziela ou têm algo melhor a nos oferecer? Eu queria saber.

  5. A Ana Paula é tão perceptivelmente lelé que nem mesmo os 6 votos do Horácio conseguiu ter hahahahahahahaha

    Incrível essa pretensão de querer ser da reitoria da universidade com tanto desprezo dos próprios pares

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