Quando fazer o teste para Covid-19

O tipo de exame depende do início dos sintomas. Assintomáticos podem testar falso positivo

Fazer, ou não, o exame para detectar o coronavírus no organismo, e qual o melhor dia para isso, remete a muitas dúvidas. Para entender, é preciso saber que existem dois tipos de teste para Covid-19: os que detectam os anticorpos, que são os sorológicos (de farmácia ou de laboratório), e o que detecta o próprio vírus, chamado de RT-PCR (molecular). Para o resultado correto, é necessário entender em qual momento eles se tornam identificáveis.

Para tirar todas as dúvidas, o Plural montou um pequeno manual com a ajuda da médica Maria Esther Graf, infectologista do Hospital de Clínicas (HC), mestre em Ciências da Saúde, professora na Universidade Federal do Paraná (UFPR), coordenadora do Núcleo de Epidemiologia e Controle de Infecção do Hospital do Trabalhador (HT) e presidente da Associação Paranaense de Controle de Infecção Hospitalar.

*Em que casos fazer exame para Covid-19?

A indicação deve ser baseada no quadro clínico, no qual o principal indicativo são os sintomas. Caso tenha entrado em contato direto com alguém que tem a doença e você estiver sem sintomas (assintomático), a principal recomendação é observar o aparecimento de sintomas – como febre, tosse, perda de olfato e paladar, dor de garganta, cansaço e falta de ar.

*O que é o exame PCR? Quando fazer?

O RT-PCR é um exame que detecta a presença do vírus no paciente. O material é colhido do nariz e da boca com swab, uma espécie de cotonete. O melhor momento para fazer este tipo de teste é do 3º ao 9º dia após o início dos sintomas.

*Quando fazer o exame sorológico (de sangue)?

Os exames de sangue (sorológicos) podem ser feitos em laboratórios ou em farmácias. Eles detectam a presença de anticorpos, mas só a partir de uma semana da infecção. Os melhores resultados são após 14 dias do início dos sintomas.

Teste rápido sorológico, vendido em farmácias. Foto: Pedro Ribas/SMCS

*Caso a pessoa tenha contato com positivado, esteja assintomática e queira fazer o teste para Covid-19, em que momento e qual o tipo mais indicado?

Testar PCR negativo, no caso de quem teve contato com alguém doente, significa que no momento do teste a pessoa não está com a doença, mas no dia seguinte já não tem como afirmar isso. É preciso monitorar para avaliar o desenvolvimento de sintomas.
No caso do exame sorológico, é preciso esperar uma semana de incubação e duas para gerar anticorpos, então, o melhor momento seriam três semanas depois do contato.

*Por que os resultados demoram tanto, alguns até 10 dias úteis?

O sorológico é mais rápido e simples porque detecta os anticorpos no sangue. O PCR, pela técnica molecular, é muito mais trabalhoso e demora mais, especialmente com a demanda maior de exames.

*Existe falso positivo?

Falso positivo são pacientes que não tiveram quadro clínico nenhum e detectam anticorpos (no caso do exame sorológico). Isso acontece porque os anticorpos IGM podem cruzar com outras doenças virais, inclusive com a vacina contra influenza e com o vírus da dengue. Quando você faz o teste sem ter tido sintomas, ele pode representar um falso positivo pois não significa necessariamente que o anticorpo detectado é específico contra a Covid-19.

Para os sorológicos o mais indicado é com coleta de sangue e não na ponta do dedo, porque a sensibilidade do exame é melhor. Na coleta, analisa-se o plasma e não o sangue total. Esses exames sorológicos são muito importantes para inquéritos epidemiológicos e populacionais – para monitorar a circulação de anticorpos numa população.

Fonte: Brazilian Association of Infection Control and Hospital Epidemiology

*E o falso negativo, quando acontece e como evitar?

O PCR pode dar falso negativo se não for feito no tempo adequado, pois nos primeiros três dias de sintomas não há muita excreção viral, então pode não detectar o vírus. A técnica de coleta também precisa ser adequada.
No sorológico, o falso positivo é mais comum e acontece geralmente quando a pessoa não teve quadro clínico sugestivo e faz o teste.

*Por quantos dias se transmite o vírus? E os assintomáticos? Depois disso, é seguro?

A pessoa vai infectar outras principalmente no período em que tem sintomas. O assintomático transmite pouco. Existe também a contaminação pelo pré-sintomático. Essa pessoa – que ainda está incubando o vírus e vai ter sintomas – pode eliminá-lo, contaminando outros.

*Em qual momento sair do isolamento? Sai com máscara? Tem algum cuidado específico?

A última orientação do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) é que, para casos leves, o paciente pode sair do isolamento 10 dias após o início dos sintomas e se estiver 24 horas sem febre. Quem tem sintomas, fica isolado. A orientação é sair com máscara porque, ainda que a pessoa não esteja transmitindo, é uma doença nova cercada de incertezas.

*Quem se contaminou pode se infectar novamente? Por quanto tempo a pessoa está imune ao coronavírus?

A resposta só o tempo vai dizer já que não sabemos quanto duram esses anticorpos que neutralizam o vírus. No cenário de uma nova doença, não tem como afirmar que a imunidade é duradoura.

Exame PCR com swab (cotonete). Foto: Pedro Ribas/SMCS

Diagnóstico Médico

É importante lembrar que para o diagnóstico da doença, ou encaminhamento para o exame, é necessário consultar um médico. Ele saberá o período em que doença se encontra e indicará o melhor teste e tratamento necessário.

Os testes rápidos de farmácia podem ser realizados sem pedido médico. Já para o PCR, a guia de solicitação é essencial. Este exame está na lista de cobertura obrigatória dos planos de saúde, desde que o paciente apresehttps://www.plural.jor.br/noticias/vizinhanca/quem-paga-os-testes-de-covid-19-nas-escolas-particulares/nte sintomas que levem à suspeita da doença, relatados pelo médico. As operadoras têm até três dias úteis para analisar o encaminhamento médico e liberar o teste para Covid-19, ou apresentar os motivos da negativa.

“Caso o paciente atenda aos requisitos para cobertura do exame e o plano de saúde negue autorização, ou não autorize, no prazo de três dias úteis, ele deve registrar a queixa no site da ANS e também na Ouvidoria da operadora”, explica a advogada especialista em Direito Médico e à Saúde, Melissa Kanda.

“Nestes casos, o beneficiário pode realizar o exame em caráter particular e, depois, pedir reembolso para o plano de saúde, mediante apresentação da nota fiscal ou recibo de pagamento”, afirma Melissa, integrante da Comissão de Direito à Saúde da OAB/PR.

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10 comentários em “Quando fazer o teste para Covid-19”

  1. O Covid não é transmitido pela relação sexual, porém pode ser transmitido pelo beijo, neste caso se não consegue se segurar, utilize mascara.

  2. Jéssica Espedita Silva Santos Medeiros

    Tô com tds sintomas da covid fiquei ruim durante7 dias hoje fui no médico fiz exame deu negativo mas estou sem paladar e olfato,porque isso está acontecendo. Estou meio esquecida tbm parece que estou longe.

  3. Perdi o Olfato e o paladar total .Fiz hoje o exame do cotonete e o de sangue do dedo e os dois deram negativos …
    Como pode ser possível ?

  4. Maria da Graça de vasconcelos

    Tive covid e ao solicitar ao Plano de saúde Unimed, o PCR a domicíliodisse que precisava ir à emergência e fiquei receosa DE INFECTAR as pessoas e fiz particular.Sou idosa, pago mais de R$1500,00 de Plano e não entendi a negativa do Sorológico.
    Posso pedir o reembolso ?
    Qual o prazo?

    1. Olá, Maria das Graças, a Unimed tem laboratórios conveniados que fazem o teste PCR no drive thru, ou seja, com você dentro do carro, não precisa nem descer. Deveriam ter lhe informado melhor… O A+ de Curitiba faz assim pela Unimed. Acredito que vc tenha direito a reembolso sim, vale consultar seu contrato e um advogado.

  5. Ozana de Paula Bieger

    Tive sintomas leves. Fui no posto e fiz o exame do cotonete que pelo SUS demorou 6 dias ÚTEIS para ficar pronto. Alem da angústia da espera tive o resultado através da ouvidoria pois o site não atualizava. Veio o resultado negativo. Só que agora estou com um sintoma que nunca tive antes na vida: Perda total do paladar e olfato.
    E agora?

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