Paranaenses enfrentam o desemprego durante a quarentena

Órgãos oficiais ainda não divulgaram dados de desocupação no estado em 2020

No dia 24 de março, a redação do Plural lançou um questionário para acompanhar os leitores na quarentena e entender melhor seus hábitos e desafios durante o período. Os primeiros dados mostram que pelo menos 12% dos respondentes estão enfrentando o desemprego: já estavam fora do mercado de trabalho, foram demitidos, fecharam empresas ou perderam serviços prestados como autônomos. Outros 69% seguem trabalhando de casa e 4,7% continuam exercendo suas funções presencialmente nas empresas. 

Gianne Maravalhas, 55 anos, é advogada há 33 anos e o escritório de advocacia para o qual prestava serviços passa por dificuldades desde que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) suspendeu os prazos processuais até o fim de abril – por consequência, o maior cliente da empresa decidiu suspender o pagamento. “Resultado: o escritório suspendeu também os meus serviços, sem data ou certeza de retomar, visto que o cliente está passando por dificuldades financeiras”, relata e lamenta: “São as agruras do trabalho autônomo, que atinge qualquer tipo de serviço”. A solução tem sido se virar com o dinheiro que restou na conta bancária e pedir ajuda ao marido. “Procuro trabalho em outros escritórios mas, como tudo, está difícil”, afirma.

Fernanda Henrique, 30 anos, vive o que chama de “a fatídica história do concurso para técnico judiciário do Tribunal de Justiça do Paraná”. O concurso teve edital publicado em Janeiro de 2017, mas a prova realizada somente em setembro de 2019. “Quando finalmente o certame pareceu engrenar, o órgão viu-se obrigado, agora em março, a suspender a etapa de verificação dos candidatos inscritos na condição de cotistas”, explica. Ou seja: 6 meses após a prova, ela ainda não sabe a nota final e segue desempregada. “Sou uma pessoa privilegiada por ter auxílio da minha família e, portanto, não enfrentar dificuldades financeiras em meio à pandemia. O cenário, entretanto, expõe as fragilidades das nossas escolhas – das escolhas da humanidade, de modo geral – e o desafio é como encará-las”, destaca.

Ambas fazem parte de uma estatística ainda nebulosa. Isso porque os dados de desemprego no Paraná são contabilizados a partir do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). No entanto, em 2020 ainda não houve divulgação desses números. Em nota, a Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia argumentou que o problema se deve à subnotificação por parte dos empregadores. “Somente em janeiro, verificou-se que ao menos 17 mil empresas deixaram de prestar informações ao eSocial relativas aos desligamentos realizados, o que representa 2,6% do total de empresas que tiveram movimentações no período”, explicou o órgão no dia 30 de março, defendendo que por isso ficou inviável consolidar os dados com qualidade. 

Os últimos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que o índice de desemprego do Paraná fechou o último trimestre de 2019 em 7,3%. Ou seja, até dezembro do ano passado, eram 441 mil desempregados no estado. De acordo com o IBGE, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua referente ao trimestre móvel terminado em março está prevista para ser divulgada em 30 de abril.

10 mil empregos em março

Em março, as Agências do Trabalhador do Paraná colocaram 10.286 mil trabalhadores no mercado, levanta a Secretaria da Justiça, Família e Trabalho. O órgão afirma que os setores de abates de aves e suínos e fumageiro não interromperam as contratações.

Em março de 2019, o número foi menor: 7.547 pessoas foram colocadas no mercado pelas Agências do Trabalhador. 

As agências não têm atendimento presencial desde 19 de março, mas continuam ajudando na intermediação de vagas online e tirando dúvidas. Os telefones para contato são: 41-3883-2214 (Seguro Desemprego), 41-3883-2218 (vagas) e 41-3883-2207 (empresas).

Empresários e trabalhadores paranaenses que procuram ou ofertam vagas também podem utilizar o site empregabrasil.mte.gov.br ou o aplicativo Sine Fácil (disponível gratuitamente para celulares Android e iOS).

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