Cozinha com afeto

Mãe, o estabelecimento de Ieda Godoy e Ane Adade, contempla almoço, cafés, happy hour, aperitivos e opções mais leves de alimentação, com uma pitada hispânica

Desde 14 de novembro de 2019, a rua Treze de Maio ganhou mais cores: de noite, é impossível não notar o luminoso vermelho neon cortando a escuridão com seu manuscrito “Mãe”. De dia, é a fachada vivaz – uma das muitas referências diretas ao longa “Tudo sobre minha mãe”, do diretor espanhol Pedro Almodóvar – que chama a atenção dos pedestres para o número 512. Ali, a 260 metros do Cine Passeio; pela parceria de Ieda Godoy e da bailarina, e amiga de longa data, Ane Adade, nasceu o Mãe, uma espécie de café, bar e cozinha.

Ane e Ieda: artistas, amigas e agora sócias no Mãe. Foto: Maringas Maciel.

O movimento inicial partiu de Ieda, que traz ao Mãe seus quase trinta anos de experiência na noite curitibana, uma vontade sem fim de “inventar coisas” e, claro, sua profunda conexão com a arte. “Eu precisava preencher o buraquinho que ficou dentro de mim”, conta Ieda sobre sua saída do Dizzy Café Concerto, ao entender que mudanças, mesmo quando difíceis, podem ser o começo de algo novo.

Primeiro veio o lugar, ou melhor, a falta de espaços abertos pela tarde ali na região. Localizado três quadras depois do Dizzy; a 220 metros do Alfaiataria Espaço de Arte; e com a fachada visível da porta do Teatro Lala Schneider; o Mãe se torna uma espécie de refúgio versátil. Há lugares para sentar; mesas para comer ou trabalhar; um sofá na área externa, com vista para a rua. “Gosto do desbravar, prefiro começar uma história do que entrar nela andando. Então, acho que é interessante começar a movimentar aqui”, explica Ieda quanto à escolha do lugar.

Fachada do Mãe faz referência direta ao longa “Tudo sobre minha mãe” (1999), de Pedro Almodóvar.

Com um horário de funcionamento variado, em alguns dias das 11h à 01h, o Mãe atende uma gama vasta de frequentadores. O cardápio contempla almoço, cafés, happy hour, aperitivos e opções mais leves de alimentação, com uma pitada hispânica. “Um lugar tem que ser polivalente, ser tudo o que puder ser. Ser uma coisa só é restringir demais”, comenta Ieda sobre o “bar-café-cozinha”. A escolha pelo termo final, inclusive, é um detalhe que nasceu do afeto: “‘Cozinha’ tem mais a ver com ‘mãe’, é uma coisa mais íntima. Remete mais a ‘mãe’, ‘afeto’, ‘intimidade’”, conta.

Em termos de intimidade e pessoalidade, o Mãe tem suas raízes em uma mistura feita de Almodóvar, Valter Hugo Mãe, Ieda, Ane e arte. Do nome, passando pela arquitetura do lugar (cheio de pequenas referências às obras cinematográficas do diretor espanhol – obra da arquiteta Cláudia Vega e do designer Gabriel Rischbieter), até o cardápio com inspirações hispânicas pela noite, e a própria experiência de ir ao lugar. “Um bar não pode ser apenas um bar”, diz Ieda. E se apenas a palavra “mãe”, escrita em neon vermelho no vidro da entrada, pode suscitar uma série de significados e imagens, ir ao Mãe pode ser uma experiência cercada de afeto.

Serviço
Mãe – café, bar e cozinha
Rua Treze de Maio, 512 (Centro)
Horário de funcionamento: de segunda a sexta, almoço das 11h30 às 15h; demais cardápios (café, bar e à la carte) até à 01h. Sábados 18h à 01h.

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