Ácido fólico pode melhorar perda de olfato causada por Parkinson

Pesquisa da UFPR estuda um dos principais sintomas não-motores da doença, que afeta meio milhão de brasileiros

Uma pesquisa desenvolvida no Laboratório de Neurofisiologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) pode ajudar quem sofre com a doença de Parkinson. Normalmente conhecida por seus movimentos involuntários, ela também afeta o olfato dos pacientes. Foi com as vitaminas B9 e B12 que um cientista do Programa de Pós-Graduação em Fisiologia (PPGFisio) descobriu a possibilidade de restituir esta perda.

Os testes foram feitos em ratos e envolvem o ácido fólico (B9) – encontrado em abundância em folhas verde-escuro – e a cobalamina (B12) – encontrada em peixes, carnes, ovos e laticínios. Os resultados foram apresentados no 12º Evento de Iniciação Tecnológica e Inovação (Einti), um dos encontros do Seminário Integrado de Ensino, Pesquisa e Extensão (SIEPE) 2019.

De acordo com o autor do trabalho, o estudante de Medicina Daniel Araújo Macedo, o estudo demonstra que o ácido fólico pode ser interessante para combater a perda de olfato mas, por enquanto, não descarta que a cobalamina tenha características semelhantes. Ele lembra que a pesquisa terá uma segunda fase, em que será realizada análise molecular para o mapeamento de como o ácido fólico interfere no bulbo olfatório.

“Os distúrbios não motores do Parkinson são interessantes porque acontecem de maneira mais antecipada em relação aos motores. É comum pacientes relatarem que, anos antes de receberem o diagnóstico, começaram a deixar a queimar a comida, por exemplo, porque não sentiam mais os cheiros. Ou seja, são sintomas que têm um valor diagnóstico importante”, observa o orientador do estudo, o professor Marcelo de Meira Lima.

Compreender a perda do olfato pode também auxiliar na compreensão da doença de Parkinson, lembra o pesquisador, destacando que enquanto os distúrbios motores surgem da degeneração (perda de neurônios) da substância negra do cérebro, a perda de olfato decorre de neurogênese (formação excessiva de novos neurônios) no bulbo olfatório. “Neste caso, ocorre um bloqueio da transmissão da informação olfatória gerado pelo excesso de dopamina que, no bulbo olfatório, tem função inibitória, mas a causa disso ainda está sendo investigada.”

O pesquisador Daniel Macedo e seu orientador, Marcelo Lima. Foto: Marcos Solivan/UFPR

Integração científica

O trabalho de iniciação científica foi embasado em outros estudos desenvolvidos no programa (PPGFisio), que concentra um núcleo de pesquisadores focados na investigação da doença, especialmente nos biomarcadores precoces. “Buscamos substâncias que possam atenuar esses distúrbios neste modelo, investigar os mecanismos envolvidos e se futuramente poderiam ser aplicadas na clínica. Eu investiguei os efeitos da administração da cafeína e da nicotina nos animais, e o Daniel veio avaliar o efeito das vitaminas no mesmo contexto”, explica a pesquisadora Lais Soares Rodrigues, co-orientadora do estudo.

A doença de Parkinson é neurodegenerativa e afeta cerca de 500 mil brasileiros, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Foto: Arquivo Pessoal do pesquisador Daniel Araújo Macedo

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