Em meio a escândalos, Ratinho Jr. propõe extinguir cargo de diretor militar de escolas cívico-militares

Até que função seja totalmente zerada, diretores terão menos responsabilidades nas escolas

O governador Ratinho Jr. (PSD) quer extinguir o cargo de diretor militar das escolas cívico militares do Paraná, programa implementado no estado há exatamente um ano. A eliminação gradual da função consta em projeto encaminhado nesta quarta-feira (22) à Assembleia Legislativa (Alep), que, por outro lado, prevê aumento do valor pago aos policiais em tarefas de monitoria.

Esta é a primeira mudança na espinha dorsal do programa, idealizado nos moldes do projeto do Governo Federal, e chega para apreciação dos deputados na retaguarda de polêmicas envolvendo a atuação dos militares.

Embora não haja qualquer menção aos problemas na justificativa, a sugestão do Executivo é eliminar a função de diretor militar “à medida que forem vagando os respectivos cargos”. Paralelamente, outro trecho da proposta reduz consideravelmente a responsabilidade dos diretores que forem sobrando.

Hoje, compete a policiais em função de direção exercer gestão na área de infraestrutura, patrimônio, finanças, segurança, disciplina e de atividades cívico-militares. Pelo novo texto, os que continuarem ficariam responsáveis apenas pela “coordenação e execução das atividades cívico-militares”.

Com a eliminação dos diretores, a coordenação das atividades cívicos-militares passaria a ser exercida pelo monitor da mais alta hierarquia. Por isso, o planejamento do governo é elevar em R$ 500 o valor pago mensalmente à função, estabelecendo aos monitores pagamento de R$ 3,5 mil, o mesmo do cargo de diretor. A mudança também trocaria a nomenclatura da retribuição, que deixaria de ser “diária especial”, por causa da pandemia, para se chamar “gratificação”.

O processo organizado pelas secretarias de Estado da Segurança Pública (Sesp) e da Educação e do Esporte (Seed) selecionou 806 militares para atuarem nas escolas do modelo. Pelo esquema inicial, cada unidade teria de ter um diretor cívico-militar para atuar junto com o diretor civil, e uma quantidade de monitores variando conforme a proporção de alunos. Hoje, o estado tem 206 colégios funcionando sob o distintivo militar, todas homologadas em consulta pública à comunidade

Vitrine de polêmicas

A adesão do Paraná ao esquema era para ser uma espécie de vitrine tanto para o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) quanto para Ratinho Jr., que foi o governador que mais escolas cedeu para a execução do sistema – ao qual se referiu como “modelo vencedor”. Mas desde que começaram a funcionar, no início do ano letivo de 2021, os colégios cívico-militares vêm acumulando polêmicas.

Em 10 de setembro, o Ministério Público do Paraná (MPPR) denunciou dois policiais supostamente envolvidos num episódio de violência contra um adolescente. O monitor da escola, segundo o MPPR, socou o aluno e ameaçou matá-lo por causa de um desenho de folha de maconha. O diretor, por usa vez, teria tentado acobertar a situação, embora ambos neguem o teor da denúncia.

Em agosto, outro policial foi preso suspeito de assediar alunas. Ele foi preso. A investigação começou após denúncias de alunas que procuraram uma equipe policial que patrulhava a região escolar para saber se era praxe que policiais homens revistassem alunas mulheres.

Até hoje, nem o governador Ratinho Jr. nem o secretário da Educação, Renato Feder, se pronunciaram publicamente a respeito dos episódios.

A justificativa do projeto encaminhado à Câmara não cita o motivo da extinção dos cargos, mas afirma que o aumento da gratificação paga aos militares “não acarreta em acréscimo de despesa e, em verdade, não cria gratificação nova, porquanto o benefício denominado “diária especial” já é de determinação legal anterior ao período pandêmico”.

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11 comentários em “Em meio a escândalos, Ratinho Jr. propõe extinguir cargo de diretor militar de escolas cívico-militares”

  1. Este tema é muito polêmico,considerando isto, carece de um debate,sem proselitismo de ambos os lados(tanto da educação,como dos militares).Não esqueçamos, que muitos militares que fazem parte deste projeto,possuem formação na área de educação(especializações,mestrados).O distanciamento entre os profissionais de educação e segurança pública,precisam ser reduzidos,os quartéis precisam de estagiários de nível superior,tal qual e educação carece de profissionais de segurança. A transversalidade nas profissões seria o caminho correto a ser seguido,infelizmente a ideologia e o proselitismo profissional,vai nos fragmentando,fragilizando o todo,dissipando as partes,não permitindo a consolidação do todo em benefício da sociedade que sofre com o enfraquecimento do estado. Muitos autores dizem que o período da ditadura no Brasil(1964-1985),foram de absoluta escuridão,períodos negros,dentro dos quartéis.O interessante no tocante a substuição da LDB ,4024/61 para a 5692/71,não houve mudanças com relação ao seu conteúdo de forma geral,ambas falam de formação para a mão de obra,assim como a atual 9394/96.Logo o quê temos de mudança,de novo?A resposta é simples,nada.O que aprendemos com isto?Aprendemos que independente de profissional que for (educação,Segurança pública),direita ou esquerda,a educação sempre foi e será,maior do que tudo isto,pois é na escola que se forma o cidadão,seja ele militar ou professor,abraços á todos.

    1. Rosiane Correia de Freitas

      Valdeci, a informação de que “muitos militares que fazem parte deste projeto,possuem formação na área de educação(especializações,mestrados)” não é verdadeira. Inclusive o projeto não prevê tal critério. São. militares da reserva. E são atraídos por benefícios financeiros. Nós vivemos numa sociedade especializada. Quem deveria cuidar da educação é quem tem experiência e formação pra tal, também conhecido como professor.
      Não entendi porque a educação e a segurança pública precisam ter “a distância reduzida”. No entanto, a educação é tradicionalmente uma área multidisciplinar. Eu mesma sou jornalista e fui muito bem recebida no programa de Mestrado em Educação da UFPR, que é um dos melhores do país. Abraço

  2. Sempre fui contra.
    Cadê aquelas mães que davam de dedo na cara da diretora ou professora por causa do filhote?
    As crianças de hoje não são as antigas que só um olhar causava paralisação.
    Que não tinham carinho explícito e por isso temiam uma autoridade. Hoje é uma guerra de forças.

  3. Toda conduta deve ser investigada de todos envolvidos para identificar a quem interessa os relatos, se a quem por qualquer motivo é contra a implantação das escolas cívico militares ou a quem nelas trabalha. A verdade deve vir ao conhecimento público. Pessoalmente, não entendo por que alguém ou alguma instituição seria contrária.

    1. Rosiane Correia de Freitas

      Oi Iran, como jornalista e mestre em Educação avalio que a comunidade da Educação no estado, especialistas no tema e mesmo pais são contra a militarização porque ela não tem como interesse a melhora do ensino, nem o projeto prevê condições para de fato aprimorar o funcionamento da escola. Trata-se apenas de uma resposta ao clamor popular que confundo disciplina canina com educação. Obrigada pela audiência.

  4. Vilmar Oliveira De Lima

    Achei tendencioso o título e os destaques. Da a impressão de que o projeto é um grande fracasso. Porém em 206 escolas do projeto a matéria relata apenas 2 ocorrências com relatos superficiais. Acho melhor o jornalista assumir logo que é contra o projeto.

    1. Rosiane Correia de Freitas

      Oi Vilmar, que bom vê-lo por aqui. Acho cedo para afirmar que o projeto fracassou, mas dado que 206 escolas tiveram sua conversão em cívico-militares aprovada e já tivemos pelo menos dois escândalos robustos envolvendo este universo enquanto as outras 1925 escolas estaduais do estado não tiveram nenhum registro este ano já é um indício de que algo está errado. Portanto a abordagem da repórter é embasada nisso. Att, Rosiane

  5. Antonio Carlos Nascimento dos Santos

    A esquerdalha não quer a formação cívico-militar nas escolas porque os jovens são despertados para uma consciência de amor à pátria, respeito às leis, solidariedade, ética,valores culturais e valores morais que formam cidadãos de bem.A esquerda quer militantes,ignorantes e fanáticos,para serem massa de manobra para os seus objetivos criminosos.Das mais de 200 escolas,apenas em duas delas houve desvio de conduta,prontamente sábados,o que não traduz o comportamento dos demais policiais-militares.Os deputados,em lugar de apresentar projetos de lei absurdos com este,que vão verificar a realidade das escolas civico-militares.A esquerda maldita não descansa em tentar destruir o Brasil.

    1. Rosiane Correia de Freitas

      Oi Antonio, Acredito que é possível instigar o amor à pátria e o respeito às leis sem agredir ou assediar alunos, não é? Aliás, a própria agressão do policial ao aluno, bem como o assédio de um adulto contra uma menor de 21 anos são desrespeitos à lei vigente em nosso país, portanto um mal exemplo para os alunos como um todo. Além disso, a escola não é lugar de proselitismo, seja de direita, de esquerda ou religioso. É local de ensino, de crescimento pessoal, portanto deveria ser em primeiro lugar seguro para alunos e professores.
      Me perdoe pelo julgamento sem conhecê-lo, mas dado o seu comentário suspeito que o militante fanático seja você.
      Obrigada pela audiência.
      Rosiane

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