Um estudo realizado pelo Instituto de Física da Universidade de São Paulo avaliou a capacidade de diferentes máscaras em filtrar partículas de aerossol, com tamanho equivalente ao coronavírus. Os testes mostraram que a eficácia das máscaras pode variar entre 15% e 70%, dependendo do material utilizado.
As que mais protegem são a cirúrgica e a PFF2/N95, utilizadas pelos profissionais de saúde. As menos eficazes são as máscaras de tecido, como algodão, lycra e microfibra, usadas pela maioria da população. Para as testagens, foi utilizada uma máquina que produz partículas de aerossol, liberadas em jatos no ar. A concentração de partículas foi medida antes e depois da máscara.
Foram avaliados 277 modelos vendidos no Brasil e, entre eles, os mais eficazes foram as cirúrgicas e as N95. Elas filtram entre 90% e 98% das partículas. Em seguida vêm as de TNT (feitas de polipropileno, um tipo de plástico), com eficiência de 80% a 90%. Já as máscaras de tecido, as de algodão e material sintético, como lycra e microfibra, barram entre 15% e 70% das partículas, com média de 40% de eficácia.
“De modo geral, máscaras com costura no meio protegem menos, pois a máquina faz furos no tecido que aumentam a passagem de ar. Já a presença de um clipe nasal, que ajuda a fixar a máscara no rosto, aumenta consideravelmente a filtração, pelo melhor ajuste no rosto”, explicou um dos autores do artigo, Fernando Morais, à Agência Fapesp.
“Algumas máscaras de tecido são feitas com fibras metálicas que inativam o vírus, como níquel ou cobre, e por isso protegem mais. E há ainda modelos de material eletricamente carregado, que aumenta a retenção das partículas. Em todos esses casos, porém, a eficiência diminui com a lavagem, pois há desgaste do material”, diz o doutorando no IF-USP.
Camadas e respirabilidade
De acordo com os pesquisadores, as máscaras de algodão de duas camadas filtram bem mais partículas. Já as com três camadas não mostram muito mais eficiência, enquanto dificultam consideravelmente a respiração. “Uma das novidades do estudo foi avaliar a respirabilidade das máscaras, ou seja, a resistência do material à passagem de ar. As de TNT e de algodão foram as melhores nesse quesito. Já as do tipo PFF2/N95 não se mostraram tão confortáveis. Mas a pior foi uma feita com papel. Esse é um aspecto importante, pois se a pessoa não aguenta ficar nem cinco minutos com a máscara, não adianta nada”, afirmou Paulo Artaxo, coordenador do trabalho.
Ele lembra que o uso de máscara é essencial, e obrigatório, para reduzir o contágio da doença. “Hoje já está comprovado que a principal forma de contaminação é pelo ar e usar máscaras o tempo inteiro é uma das melhores estratégias de prevenção, assim como manter janelas e portas abertas para ventilar os ambientes o máximo possível.”
Os resultados do estudo foram publicados na revista Aerosol Science and Technology.